terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O fim de um ciclo

Até aos 4 anos, a minha mãe era minha amiga. Até aos 10, eram aqueles que partilhavam os carrinhos e as Barbies comigo.
Então cheguei à Universidade e descobri toda uma visão de "amizade" diferente. Na minha cidade, tenho a minha família, os meus amigos de sempre, o meu ninho de conforto. Aqui, no meu percurso académico, obtive aquela amizade agridoce: chegamos de todas as pontas do país com o mesmo objetivo e formamos uma pequena irmandade que finaliza esta etapa agora! Ainda hoje, emocionada e carente de palavras vejo mais um GRANDE amigo formar-se, a seguir a mim e a outros tão importantes e o sabor que me deixa é amargo.
Voltaria a repetir tudo outra vez com vocês. E saber que agora, estamos por nossa conta, sem obrigatoriamente estudarmos juntos, rirmos juntos e passar pelo ritual do "foda-se p'ra tese" juntos, deixa-me nervosa.
Descobri que a amizade é mais do que cuidar, é mesmo sem ter de haver um abraço, haver afeto. É torcermos uns pelos outros como se do nosso sucesso se tratasse, e ficar sem isto, meus amigos, arranca-me um pedaço. Descobri amizades que não poderia sequer imaginar que existissem, duma partilha brutal, dum companheirismo fraterno surreal e, ultimamente, com uma intensidade associada que me faz ter a maior gratidão de sempre por ter tido o privilégio de ter estes seres-humanos no meu caminho. Todas as forças que tenho são no sentido de fazer valer a pena este percurso, a nível profissional e acima de tudo pessoal, com pessoas que me ensinaram mais do que 30 cadeiras e com gestos que me fizeram aprender mais que um mestrado inteiro.
Tenho comigo as pessoas mais parvas do mundo, com uma sanidade mental muito questionável, o que me faz sentir em casa. São a minha casa, e eu levo-a para qualquer lado que me seja destinado. Levo uma bagagem minha, mas a deles vem comigo também, e com um compromisso de nunca deixar de ser minha até onde der. 
 Descobri a amizade que sempre quis definir como a perfeita,e é tudo menos perfeita, mas é a mais bonita que já vivi, e é essa a que levarei comigo

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Senhora Sabichona e os erros ortográficos mais comuns

Ora vamos lá:
Amante da língua portuguesa, aqui o "Genie in the bottle" decidiu dar-vos uma ajuda, porque amigos, não saber escrever na própria língua é feio, eeeeeitaaa. É um Bruno Carvalho em sunga... Porque se o "flirt" chega e já escreve "Onde é que andasses?", já 'tá tudo f***...Ai "Corassaum"...
Assim sendo:

*Onde estives-te? Onde estiveste?
A forma correta é "estiveste". Este drama do "te" tudo junto ou "-te" é muito fácil de decifrar. Coloquemos na negativa: "Onde não estiveste". SE O "TE" NÃO PASSA P'RA TRÁS É TUDO JUNTO!!!!
E agora: "Lavas-te bem?", na negativa "não te lavas bem?". O "te" passou para trás é SEPARADO!!!

*Melrro, melro. Dimenssão, Dimensão. Conssigo, consigo.
SE a letra que queres repetir está no meio de uma consoante e uma vogal: É SÓ UMA LETRA! UMA!
MELRO, DIMENSÃO, CONSIGO

*Há uma semana que não te vejo. À uma semana que não te vejo. Á uma semana que não te vejo.
SE EXPRIME UMA SITUAÇÃO DE TEMPO É SEMPRE "HÁ". Vais "à" escola, dizes "à" tua mãe. Substitui o "há"/"à" por "faz" e vê se faz sentido: Faz uma semana que não te vejo: check, é com "há". Dizes "faz" tua mãe. Não faz, é com "à".
 E a dúvida do "á" já nem entendo porque isto NÃO existe.

*Não tem nada haver. Não tem nada A VER !!!!!!!!!!
Não tem nada a ver é colocares ali o verbo "haver" criatura. Faz uma tatuagem com isto, escreve na testa: NÃO TEM NADA A VER (ainda que o mais correto seja "não tem nada que ver")

*Prontos. Pronto
Prontos estão os meus punhos para "socar" a próxima pessoa que disser "Prontos, está bem!" é PRONTO! P R O N T O!

*duzentas gramas. duzentos gramas
Se não for a grama que o burro come, a unidade de peso (grama) é um substantivo masculino (O GRAMA) e seja qual for a quantidade é flexionado nesse género: um grama, dois... QUINHENTOS.

*Quaisqueres. Quaisquer
QUAISQUERES NÃO EXISTE SUA ANTA!!!! A não ser que seja "tenho uns murros para te dar ou uns estalos. Quais queres?" o plural de "qualquer" É SEMPRE "QUAISQUER".
(esta tira-me de mim. Esta... Aaai.... Esta deixa-me louca!!!)

e por fim (por hoje): *Se eu poder. Se eu puder
Aponta aí: "quando eu PUDER", "se eu PUDER". Sempre que o "e" é aberto, é PUDER.
"Ele disse não PODER", "Ela PODER, até pode, só não quer!"

Chega! Seus Chatos!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Falta amar!

Nasci no direito de amar.
Não é uma lei, não é taxado, não é obrigatório ou proibido. Não vem em lado nenhum com livro de instruções, nem com um Sistemas Internacional de Unidades. Então porque vens tu  dizer-me como o fazer?...
Nasci com direito de dar amor e eventualmente ser retribuído. Não importa a raça, a cor, a etnia ou nacionalidade. Não importa sequer o género.
Eu amo-te porque te quero, eu amo-te porque é assim que consigo dizer-te o quão importante e imprescindível és na minha vida. E não me importa o que sejas: cão, mulher, homem, gato... Eu amo-te porque sim, porque a minha vida é melhor se tu fizeres parte dela. Qual o crime que não vejo? Honestamente, que mal isso traz à vida? À tua, à minha?
Amar em 4 paredes, amar em praça pública ou debaixo de água, não se ensina, fulmina-se. E todos sabem amar, eu pelo menos acredito e é com isso que vivo. Por vezes não chegou a hora de aceitarem tal dádiva e deixam-se importunar pelo seu oposto tão forte quanto o ódio; o preconceito. Esse veneno que tira vidas, que tira amor, que faz o mundo (redondo) ter arestas dolorosas. Mas não, nem isso mesmo te (ou me) proíbe de amar e de atingir o climax de qualquer relação de afeto que se estabeleça. Nem tu, nem merda nenhuma tem o direito de definir até onde a partilha de emoções pode ir, não ultrapassando os limites do próximo.
Nem tu, nem eu estamos aptos a julgar aquilo que não tem julgamento. Falta menos dedos apontados, falta menos rancor e pudor.
E não, não falta amor, falta amar!

domingo, 16 de outubro de 2016

Momentum

Nunca nos separamos, porque eu estava destinada a querer partir sempre, e tu a mostrares-me que afinal, eu queria sempre ficar.
Errei tantas vezes quanto tu. Entrei em áreas cinzentas e tu dançaste lá comigo. Afastei-te tantas vezes por medo, e por te querer tanto, como uma droga, como aquele copo de água numa manhã de ressaca.
E erramos juntos, mas eu acabei sempre aterrada no teu peito com os teus dedos a limparem-me as lágrimas e o teus lábios pousados nos meus. Levantaste-me nos teus braços rodopiaste-me e no meio de gargalhadas. Pousaste-me em frente ao espelho, colado atrás de mim. Ficaste sério, e baixaste-me a camisa num ombro, beijando-o levemente. Envolveste-me numa espécie de abraço e olhaste-me pelo espelho, tão forte que te sentia a leres-me a mente, quase numa sensação realmente física insuportável. Invadiste todas as minhas entranhas e previ o mundo prestes a entrar-me na alma. Prometeste-me todos os rituais futuros: todos os cafés matinais, noites de filmes e manta, fotos no mundo todo, conquistas juntos, todas as danças com os cachorros ou um dia uma dança a três. Quis-te tanto. E só soube pedir-te para ficares e cumprires as tuas promessas. Anuíste.

E foi a maior e mais dolorosa mentira que me podiam ter contado na vida.


Be Brave and Keep Going

Não podes parar. A luta não para só porque tu baixas os braços; os obstáculos continuam a amontoar-se à tua espera, ou tornam-se inultrapassáveis porque tu decidiste ficar parado.
Os sonhos são sonhos até tu decidires focar toda a tua força neles, insistir e persistir no impossível. Porque todas as belas criações do Homem antes de existirem eram impossíveis.

À noite, tu duvidas, pensas que os riscos a correr são ferozes e o teu coração palpita em demasia. Encontras o teu maior inimigo: o medo, esse covarde que "já viu mais sonhos a morrerem/falharem do que o próprio fracasso". É aí que esse nó no estômago te tem que dar um empurrão, no sentido desses abismos, falhas e buracos que TU VAIS passar, porque pior que fazer, fazer mal, é NÃO FAZER. As falhas que tu terás serão as tuas próximas bengalas no caminho onde o topo é tão longe.

Essa aceleração que sentes é normal, saudável e prova-te que estás VIVO! Vivo! Não meio-vivo. Essa meia-estação cinzenta confortável que não te leva em sentido algum, em que não conheces o sabor da derrota, mas te priva de um dia conheceres o doce e intenso sabor da conquista.

O Homem foi criado, sendo agora o maior predador da Terra, e porque é que se contenta ao ser caçado? Não, cada um de nós tem um brilho especial em alguma coisa, cada um de nós tem aptidões brilhantes que não podem ser trabalhadas "mais ou menos". Aprendi que o "mais ou menos" é letal quando bebi do "If you kind of want something, you'll kind of get the results you want" (Se tu queres mais ou menos alguma coisa, então tu terás mais ou menos os resultados que pretendes).

Vais querer desistir, vais chorar tão alto até quase te faltar a voz, vão contrariar-te e querer destruir a tua fé. Tu vais limpar as lágrimas, levantar-te e continuar. Suar, trabalhar, sangrar e batalhar, sempre, tanto quanto for preciso, por aquilo que é TEU.  Por mais longe que esteja a saída, ela existe, e eu garanto-te, e que quando chegares perto dela, o teu corpo vai endireitar-se, os teus braços vão abrir e saborearás a vitória porque TU ALCANÇASTE o impossível.

reflexão do "Live you Dreams"- motivational speech

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

"Felizmente serás rapaz" - A carta de uma mãe a um filho


Meu amor,
A sorte que tu tens em ires nascer menino. Ainda te tenho dentro de mim mas já tenho tanto a te falar... Os avós, por exemplo, não me deixam comer sushi. Dizem que faz mal e Deus me livre de eu fazer algo de mal a ti.
Meu bebé, tenho muito a contar-te do mundo que vais encontrar. Juro-te que amor não te faltará e que e eu farei de tudo para te tornar num homem encantador, como o avô. Será ele que te levará à escola na primária, já adivinho... Por essa altura, começas a manifestar-te enquanto rapaz. Terás as brincadeiras estúpidas de apalpar o traseiro às meninas e repreender-te-ei de tal forma que nunca o repetirás. Serás o único a não o fazer e os teus amigos chamar-te-ão mariquinhas? Estarei aqui para minimizar os efeitos disso.
Pela altura da adolescência, irás ver meninas a tornarem-se curvilíneas e tentarás chamar a atenção delas. Haverá uma que te irá dizer que não te quer (o que ela perde!!) mas irá querer o teu amigo Joãozinho e tu irás chamar-lhe os piores nomes de sempre, fazer troça da moça e desmembrar a dignidade dela com ou sem razão. Aí eu interferirei! Jamais farás tamanhos atos. Não menosprezarás nenhuma menina pelas atitudes, forma de vestir, forma de ser, desse jeito machista. Não está tudo bem quando a Inês tiver de baixar a cara ao passar por ti e pelos teus amigos; não está tudo bem tu chamares "vadia" a uma menina, e não, não é "normal na idade deles".
E quando as tuas hormonas começarem a fazer-te querer mais duma mulher, e ela não o quiser, a tua mão irá subir da lombar, para as costas; a tua boca não baixará o pescoço dela, não, não se ela não quiser. Não é "normal dos rapazes" tu obrigares, depois duns copos, a que ela te deixe colocares-lhe a mão dentro das calças. E se um dia te deixar, não és o macho da zona ao contares à freguesia inteira que a Maria é uma "fácil". Confiou em ti, nem que fosse por segundos e merece mais de ti que meia dúzia de suspiros. Mostrar-te-ei o valor do amor e confiança até tu os aceitares no teu coração e distinguires o bem do mal.
Meu amor, quando um dia namorares/te juntares/casares , e a Joana te levantar a voz, um olho negro resultante duma agressão tua não será solução. A mãe ajudar-te-á, até ao fim dos dias, a ter sempre a melhor atitude, a ter paz na alma, mas nunca deixará que um ato de animal passe em vão. E das consequências disso eu não te posso proteger.
E se te tornares em tudo isto e lhe deixares um bebé, tal como o papá me deixou, não te terás tornado em nada mais do que o teu próprio pai, e dele a única coisa que trago és tu, meu amor, e a esperança de que a sorte de ires nascer homem não arruíne a felicidade de alguém ter nascido mulher.

Com amor,
Mãe.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

A carta ao meu antigo eu

Calma miúda, no final tudo vai dar certo.
Os dias cinzentos que dizes que não acabam, vão acabar. Essa fome de paz vai passar e vais eventualmente esquecer que ele saiu da tua vida sem se despedir.
Essa mágoa que te atormenta vai deixar de existir mas não, ele não vai voltar. E mais: vai chegar a um ponto, que nem tu vais querer que volte porque já não há nada a voltar. Há a reter bons momentos, há a reter uma partilha que fará parte de ti. Sempre.
Calma miúda, tudo vai melhorar, mas tenho-te a avisar que fará sempre parte de um pedaço de ti. Não é, necessariamente, mau, até porque o que levas contigo são vivências e aprendizagens.
Há tanto a perdoares e aceitares, que vais esquecer tudo e ficar com apenas aquilo que te aquece um pouco, garantido-te que fizeste tudo que foi possível. Fizeste! Eu hoje digo-te que não podias ter feito mais. Por isso, relaxa, toma o teu tempo a recompor-te e que seja o que for preciso. Ninguém está à tua espera, ninguém quer mais do que tu que tudo passe.
Tomara que consigas ouvir-me e que saibas que vai dar tudo certo, porque aqui estou eu, o teu "eu" mais velho, recuperada e com o mundo inteiro por sentir. Olho para trás de vez em quando e vejo-te aninhada, sem qualquer perspectiva do mundo; desacreditando por completo que possas voltar a gostar de alguém, que possas voltar a sentir afecto e a acreditar na bondade humana.
Calma miúda, a vida vai-te dar tanto quanto o que te tirou e desta vez não vai fugir, eu juro-te que não!

domingo, 11 de setembro de 2016

10 coisas a fazeres antes de te apaixonares de novo

O amor conjugal é lindo, mas o próprio é absolutamente necessário e maravilhoso.
Aqui vai o que uma mulher deve fazer antes de se apaixonar novamente:

1- Ficar sozinha.
Aprender a estares sozinha, a não ser aborrecido tomares café só, a teres conversas contigo, a passar tempo contigo própria é altamente importante. Deves sentir-te completa contigo mesma.
2-Viajar sozinha.
Pelo menos uma vez, nem que seja uma pequena a uma visita a uma cidade próxima. Há coisas nas quais nunca ias reparar se estivesses "acompanhada". Ou então vai, e volta quando sentires que deves voltar. Ou nem voltes.
3- Cometer um "erro".
Pinta o cabelo numa cor que nunca pensaste pintar, rapa-o; escolhe uma pessoa muito errada para um flirt; gasta dinheiro (não te emociones, vá!) numa coisa completamente material e dispensável.
4-Decora o teu espaço
Pinta-o, coloca-lhe luzes, mas torna-o íntimo. Teu.
5-Experimenta uma aventura radical
Asa delta, canoagem, um salto de para-quedas mas vai com tudo!
6- Escreve, dança e anda descalça
Escreve o que és, o que sentes... Exterioriza-o e dança o que te vai na alma, de pés no chão, porque sem sapatos é sempre tão mais confortável.
7- Abre espaço a mais gente.
Conhece pessoas de outra cultura, vai visitar o teu amigo que não vês há uns 3 anos. Cimenta as amizades e não feches as portas a ninguém que se pode tornar num momento estupendo.
8- Vê um nascer e pôr-do-sol
De preferência sozinha. Fotografa, grava ou vê só, mas fá-lo. Fulmenta todas as sensações de paz no teu coração e aproveita.
9-Perdoa e aceita
Aceita que todos cometem erros, com ou sem intuito e perdoa-os. Acima de tudo, perdoa-te a ti, faz "reset" e começa tudo de novo. As vezes que forem precisas
10-Pega em tudo aquilo que queres na pessoa do teu lado e torna isso em características tuas. Tu serás o teu parceiro eternamente, convém que se dêem bem um com o outro.


(inspirado em https://osegredo.com.br/2015/09/30-coisas-para-fazer-ao-inves-de-se-apaixonar-novamente/)

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Socialmente Solitária

Considero-me alguém extremamente sociável, e facilmente me encontram a ter conversas de horas com gente que acabei de conhecer. Sou uma fala-barato portanto.
Mas também confesso que tenho uma bipolaridade grave associada: eu adoro estar sozinha.
Sinceramente,acho que nunca pedi a alguma amiga me acompanhar à casa de banho, e livre-me deus de ainda lhe dizer "Anda as compras comigo", que é algo demasiado privado. É todo um estudo encaminhado entre o que chamo "a zona dos diabéticos" onde compro a maior parte da minha comida (não, não sou) e a rápida corrida no corredor das bolachas para não me perder...
Na zona onde trabalho, é muito comum observarem-me perdida nos meus fones, aparte de tudo que se anda por ali a passar, normalmente suja dos pés à cabeça porque até a abrir uma caneta eu solto tinta naquela camisa branca...
Na hora da pausa, coloco os olhos no chão (ainda de fones) e rezo para que ninguém me veja no corredor e me diga "Vais tomar café lá'baixo? Eu vou contigo!" porque aí acabou o momento alto do meu dia de me sentar perto do relvado com a música nas alturas e ficar ali por  minutos a fazer uma fotossíntese abençoada! Claro que eu adoro os meus amigos e de passar algum tempo com eles, só que há rituais que são religiosos para mim...
Ah, e tirar os fones para cumprimentar alguém na rua? Devia dar cadeia, digo desde já!
Conduzir sozinha é um dos meus hobbies também, assim como ir à praia; ficar uns bons minutos só a atirar a bola ao Marley (um dos meus cães) é outra grande terapia.
Nem vos conto o pequeno orgasmo que tenho quando sei que passarei uma semana sozinha em casa. Não faço rigorosamente nada de novo mas que me dá uma grande satisfação, dá...
 Cafezadas depois do ginásio passam a ser mártir onde estou exausta e já só penso em ressonar como gente grande.
Por outro lado, quem me tira uma boa saída à noite entre amigos, um cinema com risadas, um jantar de família/grupo tira-me tudo, mas para isso há toda uma preparação e predisposição que são elaboradas...
Então, Caros, se me virem na rua de fones e eu "não vos vir" não me levem a peito. Pensem que eu também não vos interrompo na casa de banho. Juro que o sentimento é o mesmo...

segunda-feira, 4 de julho de 2016

As mulheres desta geração

Enganaram-me! Enganaram-me e por bem quando me talharam para ser uma mulher deste século...
Enganaram-me ao me ensinarem a estudar, a focar-me no meu desenvolvimento profissional e, para todos os males, pessoal. Porque deus me livre de me divertir enquanto isso. Não senhor, eu tenho é que trabalhar muito. Apostar em crescer sempre mais com diferentes culturas, pessoas, situações e ambientes fora da minha zona de conforto? Cruzes, isso é coisa de homem. Ambição é coisa de homem. Enfrentar medos e ir destemida? Só p'ra sala de parto, que o meu lugar é em casinha....

Ensinaram-me que as meninas podem gostar de bola e os meninos de bonecas, e que crime que cometeram, né?

E que bem que me enganaram quando os meus queridos pais me frisaram que NENHUMA MULHER é pior ou melhor pelo modo como se veste, pela cor de cabelo que usa, pelas tatuagens que tem, pelos parceiros(as) que escolhe ou por ser divorciada/viúva, padeira, barmaid, tal como nenhum homem. Disseram-me ainda que nenhum homem terá o direito de me exigir que lhe lave a roupa, que lhe lave a loiça do pequeno almoço, mas SIM que dobre cuecas enquanto eu dobro meias, que cozinhe comigo... Uff, mas que cruz que me deram!

Deixem-se de merdas (verdade, mulher pode falar palavrão tal e qual como homem e NÃO É POR SER MULHER QUE FICA FEIO! Fica feio porque é feio, não porque caiu na boca duma mulher). Se a garota quer fazer um bacanal, calem-se porra, é a opção de cada um(a), e alem disso, não dá nada que não seja dela. Se se divorciou, não julguem, suas bestas; dentro de 4 paredes ninguém sabe o que se passa, e se antes levavam no tromba- ou eram infelizes- e mantinham um matrimónio; agora decidem levantar-se e dar uma oportunidade a elas próprias (estou só a referir um dos casos, relaxem a pipoca). Se fez um aborto? É LEGAL, irra!!! Se quer sair para os copos, é direito dela. São vocês que os pagam? Fica mal ela beber? Fica mal é falar da vida dos outros, isso é que te cai mal, colega!
Enganaram-me quando me ensinaram que "se não tens nada agradável ou construtivo a dizer a alguém, mantêm-te em silêncio"

E vocês (nós) mulher fuínhas, sejam(os) menos mazinhas, apontem(os) menos o dedo umas às outras. Lutamos anos pela igualdade, PELO VOTO, pela nossa emancipação. Cada uma doseia o que quer e NINGUÉM tem nada a ver com isso, desde que não interfira com o próximo.

As mulheres não estão vulgares, desleixadas. Vocês, críticos da onça, corretos de meia tigela é que não evoluem o que a cultura máscula evoluiu há centenas de anos atrás. Há mulheres vulgares? Há! Tal como há homens, mas disso ninguém quer saber.
"Já não se fazem mulheres como antigamente!". Ainda bem, meu caro, ainda bem.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Alergia ao SOL

O post de hoje foge um bocadinho a tudo que tenho escrito por aqui. Hoje falo dum problema que me afeta há anos, diagnosticado e como sei que há gente que padece do mesmo e às vezes só faz é porcaria a tentar solucionar, decidi dar o testemunho do meu caso: ALERGIA AO SOL.


Bastaram dois dias "a tostar" e tinha o meu peito muito parecido ao da imagem acima publicada. Não amigos, não me encham o saco a dizer "pois é, não tens cuidado nenhum" porque nestes dois dias eu coloquei protetor 50 de hora em hora, e após cada ida ao banho!
Este problema afeta cerca de 5% da população, maioritariamente mulheres e de pele muito clara, como é o meu caso. Aparecem umas borbulhinhas vermelhas que parecem muitas picadas de mosquito principalmente na zona do peito, pescoço e face que dão (MUITA!) comichão.

Caras, caso isso vos aconteça: PAREM COM OS ÓLEOS BRONZEADORES, parem com perfumes nos dias seguintes em contacto com a pele, parem a exposição solar. Empestem-se de creme hidratante sem cheiro e o mais natural possível e no meu caso, um anti-histamínico (AERIUS) acalma "a besta".

Antes de chegar o Verão eu faço um ritual (que este ano desleixei e já estou a pagar por tal) para prevenção que tem resultado muito bem, após várias tentativas em diferentes dermatologistas. Faço 3 sessões de solário antes de me colocar ao sol para preparar a minha pele e tomo uns comprimidos destinados à fotoimunoproteção para pessoas com sensibilidade extrema à radiação solar: HELIOCARE.- há quem use estes comprimidos para bronzear (esta malta tola por bronze), mas como ainda são caros, eu poupo-os bastante e uso só antes do Verão, por um mês.

Um protector solar que tem resultado muito bem comigo todos os anos é o Pizz Buin - Allergy, mas como é perfumado pode não ser o mais aconselhável no vosso caso e aí recomendaria o que estou a usar este ano Eucerin - Sun Allergy Protection. Sim, amigas, protetor solar 50 nas zonas afetadas o Verão todo!!!
As vitaminas C e E são importantes na proteção da pele e portanto reforçar a alimentação com kiwi e frutas cítricas será uma boa opção (bem como legumes, tomates e cenoura).
Protejam-se, com ou sem alergia, porque uma pele vermelhinha e bronzeada radicalmente hoje, será a pele rugosa, velha e pouco saudável de amanhã (no melhor dos casos!!)

segunda-feira, 13 de junho de 2016

"Vou morrer mãe"



Ontem, nos EUA ocorreu um massacre destinado à comunidade LGBT. Numa discoteca maioritariamente frequentada por homossexuais, um sujeito  disparou contra quem conseguiu, resultando em 50 pessoas mortas e outras tantas feridas. Esta criatura (Omar Mateen) já havia sido investigada pelo FBI por suspeita de ligações com terroristas e antes do atentado, "Mateen ligou para o número de emergência 911 e disse ser leal ao Estado Islâmico

-isto foi para vos deixar a par das ocorrências citadas pelos media



Aquando o som dos disparos, um homem de 29 anos escondeu-se na casa-de-banho, prevendo o seu destino começando por, desesperadamente, enviar mensagens de texto à mãe:
"Mãe eu amo-te/ Estão a disparar na discoteca/ fechado na casa de banho/ chama a polícia/ eu vou morrer"
"Estou a ligar para eles agora/ Ainda estás aí?/ Liga-me/ Liga-me"
"Liga-lhes, mamã/ Agora/(...) Ele está a vir/ Vou morrer"


Não consigo aceitar que de um momento para o outro se percam vidas INOCENTES ainda por preconceito, e neste caso acima de tudo por terrorismo.
Mas alguém consegue sequer imaginar por um segundo o pânico deste homem e a sensação de impotência da mãe? Por causa de um repugnante assassino que se acha no direito de tirar a vida de dezenas de humanos como se de um todo-poderoso se tratasse? Existe humanidade na raça que os representa tão pouco?

Revolta-me "até ao interior dos ossinhos" que não seja possível acabar com esta organização jihadista islamita, ou sei lá, prendê-los como animais que são e passar-se a fazer os testes de maquilhagem nas genitálias dos mesmos, por exemplo.
O que aconteceu foi grave, muito grave. Nenhuma vingança trará as vítimas de volta, bem como, infelizmente, não será com amor que se acabarão com estes atos. 
É preciso acabar com o preconceito, com a maldade com o próximo; é preciso colocar fim a uma paz simulada com armas na mão...O caminho parece que se torna cada vez mais longínquo e as consequências são sangrentas, imerecidas, desumanas...
Tenho o coração quebrado e mais do que tudo estou seriamente perturbada pela tamanha dor que estes seres "da minha raça" conseguem causar sem qualquer piedade. Porquê? Qual o verdadeiro ganho nisto? Até onde chega o ódio dos Homens?

Desejo a todos os familiares/amigos das vítimas do massacre em Orlando paz nos seus corações e que os feridos recuperem com sucesso.

domingo, 10 de abril de 2016

Pedaços de diário- Há 100 dias mudei o meu prato!



Hoje cumpro a meta dos 100 dias "livre de carne no meu prato!" Após mais de meio ano noutro país tive contacto com outras mentalidades, informei-me, senti milhares de coisas, muito intensas, que mexeram demasiado comigo. Dada a minha sempre proximidade ao mundo animal senti que deixou de fazer sentido, p'ra mim, continuar a alimentar-me do mesmo modo.

Tudo o que tentei foi não me rotular para que quando e se vacilasse (porque 23 anos como carnivora- e não omnívora porque comia carne com tudo- pesa muito) não ouvisse julgamentos alheios. Cortei radicalmente na carne, depois o peixe e aos poucos vou reduzindo nos lacticínios e ovos. A primeira dificuldade é comer com a família. Felizmente, vejo os meus parentes a aceitar devagarinho tudo isto, o que me deixa eternamente grata.

O meu estilo de refeição é feito mediante aquilo que me faz sentir bem comigo e me deixa deitar à noite, de consciência limpa. Entrei nesta corrida para poder fazer o que consigo para evitar sofrimento àqueles que chegaram primeiro que eu, no sentido de proporcionar um mundo sustentável aos próximos. No entanto, não me é natural, é uma evolução lenta mas que me deixa extremamente positiva por saber que estou a ser capaz, e a meu tempo, reduzir o meu impacto neste mundo que não é apenas meu.

Além de, constantemente, ouvir "não tens pena das plantinhas?", o meu preferido é "e as crianças que passam fome em África também não te preocupa?" Porque por evitar comer animais agora eu tenho de salvar o mundo inteiro... Porque não começam todos a fazer uma parte? É que, curiosamente, tudo isto geralmente surge de gente que desperdiça comida e nem a palavra "voluntariado" conhece... 
Faço tudo o que consigo para ajudar o que/quem me rodeia; passa por mais do que esta opção que vos conto, mas isso são outros mil... Obviamente não sou a pessoa mais prestável do mundo, não sou a salvadora da pátria e nem é lógico que me cobrem isso só porque decidi deixar de comer carne!!
Alterei o necessário p'ra me aceitar, e ficar em paz com o "meu Eu" e honestamente, faço-o de coração. Se na minha óptica, a vida animal mexe comigo, a emoção é minha e o direito é meu.

Não sou extremista e penso que não influencio ninguém à minha volta a fazê-lo, porque foi uma necessidade minha e apesar de me custar a aceitar que achem que a alimentação deles é melhor que a minha, respeito. Portanto, agradecia que quando me convidam p'ra jantar não me levem a uma churrascaria... A não ser que me sirvam um belo dum seitan grelhado ;)

terça-feira, 8 de março de 2016

Não quero flores!

Precisamos de um dia para sermos lembradas? A minha resposta feminista e assertiva é: SIM.

Não, não é vacilar na defesa de igualdade de direitos por haver um dia da mulher e não do homem. É mostrar, realmente, que já fomos apedrejadas, julgadas e levadas com menos respeito que o sexo masculino e que pelo menos, num dia, eu vos posso esfregar na cara, seus machistas (como se não o fizesse várias vezes-confesso), que, nós, mulheres, somos IGUALMENTE IMPORTANTES. E até digo mais: somos feitas p'ra aguentar um mundo muito mais cruel que o vosso, e isso não é digno de um sexo fraco, é característica dum género forte .
A todas as mulheres, mães, irmãs, filhas, gente... uma grande homenagem, por vivermos num mundo que nos aceita há bem pouco tempo, e que, bem lá no fundo ainda nos rotula em muitas atividades, profissões e posturas que "não são dignas de mulher".

Tenho de puxar a sardinha à minha brasa (ou vice-versa): Sras Engenheiras, p'ra vocês que valem tanto quanto um Sr Engº, que se lembrem sempre, que quando um homem menospreza o vosso trabalho por não portarem uma pilinha entre as pernas ou por serem "carinhas larocas em demasia para aquele tipo de trabalho", é porque nem ele está resolvido consigo próprio e isso faz dele "muito pouco homem", portanto... Mas, sempre podem mandar-lhe a mala à testa, também, nada contra!

Não quero com isto dizer que não existem mulher más e/ou que são tão "machistas" quanto certos homens... valem o que valem, e não me cabe a mim julgá-las, mas que sejam felizes, ou não sejam, ou o que lhes apetecer, só não me lixem a cabeça...

"Por todas as Capazes, nós não queremos flores, queremos poder viajar sozinhas, sem medos, sem julgamentos... Como qualquer ser humano, temos o direito à vida, a NOSSA vida, e ao respeito pelas nossas decisões."
E hoje, nem vou lavar a loiça...

segunda-feira, 7 de março de 2016

Pedaços de diário - Consequências de uma vida sem pessoas tóxicas

O segredo para um vida feliz, segundo 90% das pessoas que me responderam, é o amor...
Apesar de eu ser uma eterna romântica, que acredita piamente na qualidade do amor (ainda existente) e em todas as formas de afeto, creio que, genuinamente, o que me faz conseguir ser feliz é ter eliminado todo o tipo de toxicidade na minha rotina: desde pessoas, emoções ou hábitos.
Cada vez mais acredito na energia entre as pessoas, na espiritualidade de cada um e naquilo que podem partilhar com o próximo. Isso manifesta-se tanto negativa como positivamente. Considero-me uma pessoa extremamente comunicativa e fácil de ler e, portanto, recetiva daquilo que têm (ou não) p'ra me dar.
Fui feliz e infeliz; agora sou equilibrada (acho o melhor termo), consciente daquilo que me faz bem e resolvida com aquilo que no presente me satisfaz, mas que a longo prazo me mata aos poucos, bem delicadamente, numa forma quase cruel. A única forma de eu atingir o equilíbrio, aceitação e tornar-me grata por tudo que a vida tem p'ra mim foi eliminar todas as pessoas tóxicas, todas as emoções que poluem o meu estado de espírito e re-educar os meus hábitos, fazendo uma rotina fora da zona de conforto, em função daquilo que me é vital, que me faz deitar de cabeça leve, consciente dos meus princípios e valores. O que me deu o maior pico de gratidão à vida foi a pureza dos gestos, a clareza das palavras, a partilha entre a gente sem qualquer maldade, de pé no chão e cabelos mal amanhados.
Então, aquilo que palpito (e não aconselho porque não sou mãe de ninguém, nem psicóloga) é p'ra tentares afastar-te das pessoas que têm mais a apontar-te do que a agradecer-te; p'ra saires dos locais onde não consegues soltar uma gargalhada honesta; p'ra deixares as práticas que no fundo te magoam e mais do que olhares à tua volta, olha no coração de quem se conecta a ti. Desafio-te a experimentares observar as pessoas p'ra quem não olhavas e a leres-lhes os olhos, uma e outra vez. Dá uma hipótese a quem te faz querer ser alguém melhor, todos os dias. Abandona tudo aquilo que tanto amas, mas que te magoa, e que já não tem nada a dar-te, por muito casmurra e persistente que sejas. Larga tudo aquilo que te impede de limpar a tua consciência e começa de novo.
Não te assustes, és capaz de sair magoado(a) algumas vezes, mas provar-te-á o quão desnecessário isso é na tua vida, e ela pode ser tão bonita contigo feliz e equilibrada a jogar com ela!

sábado, 5 de março de 2016

A vida não espera

A vida não espera. Não vai estar à espera que coles os teus cacos... Por muito que te espante, o mundo vai continuar a girar, as horas vão continuar a passar, as estações vão mudar e tudo seguirá o seu rumo, quer tu o faças quer não.
Não é porque o teu mundo desabou que tudo irá estagnar para que possas ter o teu tempo de retiro, meditação e eventual recuperação. Todas as oportunidades que deixares fugir não irão voltar; todos os abraços que recusares não serão os mesmos que receberás quando decidires recompor-te e isso é um facto.
Lá porque tudo que construíste foi abalado e os teus olhos teimam em não secar, a vida não vai esperar por ti. E se ninguém te disse essa crueldade do mundo, digo-te eu: a vida não tem tempo para se preocupar contigo e dar-te um tempo, enquanto o tempo dela passa. Não, nada vai acalmar e não te darão obstáculos mais fáceis enquanto te (re)constróis só porque reza a lenda que "depois da tempestade vem a bonança"; não esperarão menos de ti só porque tentas renascer, e abre os olhos, ninguém espera mais nem menos do que aquilo que dás. Não têm sequer que esperar alguma coisa. Nada, ninguém, nenhuma coisa tem de esperar.
Não é por não atingires os teus sonhos que o vento se vai cessar e tudo correrá contigo ou sem ti à luta, garanto-te. Duma vez por todas, a vida não acalma quanto tu te perdes. Tudo segue e tu ou segues, ou somes.

"A tua alma rege-se a cinzas mas é o fogo que queima e aquece, e cinzas não passam disso mesmo. pedaços de algo queimado, morto, e ninguém quer saber daquilo que já não existe...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Quando abrires os olhos verás



No momento em que a tua essência olhar verá que cada pedaço de mim foi teu, mais do que alguma vez foi meu.
Todo o meu corpo latejou ao ver-te partir, mas foi a única forma que encontrei para te dizer o quanto te amava. Se não te amasse tanto ter-te-ia pedido para ficares, preso na ilusão de nunca mais os meus olhos deixarem de ver os teus. Se não te vivesse tanto, pedir-te-ia para me viveres só a mim, do modo mais egoísta que o amor deve ser. Mas não. Deixei-te ir quando me apercebi que o amor já não chega e ele deve bastar por si mesmo.
Decidi magoar-te agora, para um dia não me desfazer em pedaços, e ver em ti alguém em quem apenas paira uma alma que outrora me tinha embriagado de paixão. Sim, porque bebi cada palavra tua, saboreei cada beijo teu e perdi-me no calor do teu toque. Mas enquanto os tempos iam passando sentia-te a ir, a perderes a respiração cada vez menos vezes com o que ambos criamos um dia. De cada vez que essa pessoa voltava a mim, era como que se estivesse drogado de ti, viciado em algo que proximamente voltaria a desaparecer ou apenas levitaria por perto; mas que iria teimar em ir novamente. Essa pessoa, que quando num sopro voltava, vinha cada vez menos frenética e intensa mas com o suficiente para me deixar amá-la.
O ato mais romântico que poderia ter cometido, e também o mais doloroso, foi ter-te perdido, para um dia, não te sentir perdida e com isso, perder-me na raiva de não te ter deixado ir.


Quando abrires os olhos verás que se te deixei partir foi por puro amor.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Só faltou noutra vida

Faltou tentar o impossível. Faltou-nos morrer e voltar a nascer com a esperança de nos encontrarmos de novo. Foi isso, faltou-nos tentar numa outra vida.
Recriamo-nos e moldamo-nos até à exaustão, percorremos caminhos em fogo e ultrapassamos limites intransponíveis, todos eles de mão e alma entrelaçadas. Juntos encontramo-nos em lugares, pessoas e emoções. Vimos tudo que havia para ser visto e levamos as nossas gargalhadas desajeitadas bem alto, como naquele dia de em que te via em alvoroço com a tentativa de comeres churrasco de faca e garfo. Estavas linda, no teu jeito pouco corriqueiro, com o cabelo mal amarrado, o pijama mal vestido, e como tudo te ficava tão bem… Faltou garantir que isso não desmoronaria e que seria intemporal.
Mas o amor genuíno não é amar-te e querer que me faças feliz, é amar-te tanto que só te quero feliz, do meu lado enquanto for o sensato. Levaste-me a não querer mais nada e a perder-me em ti, rumando apenas em direção a ti. A ti. Não a nós.
Cego de romantismos batalhei pelo equilíbrio, onde eu pesei mais, e tu na tua luta, tentavas acompanhar numa dança que te era estranha. Era como se pedisse a um freestyler de rua de anos, para me acompanhar num tango, e ele tentasse e morresse a tentar podendo nunca lá chegar. Tentamos dançar jazz e salsa, e os dois cedemos até acabarem os esforços e se impor o ritmo rotineiro de ir até onde o amor morre porque alguém já não morre de amores.

Eu soube que acabou quando já não havia nada para acabar, não por falta de tentativas mas por escassez do que faltava tentar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Copo ainda trémulo de ti

Restava um copo meio cheio na mesa junto da cama. Agora era só ele.
Meditava um corpo num canto da cama, com os cotovelos apoiados nos joelhos e de olhar colado na água ainda trémula…
Chovia lá fora e Matias sabia que a maior tempestade estava do lado oposto da janela, presa naquele quarto onde há tão pouco eram dois. Instantes antes tinham gritado pelo nome um do outro. Instantes antes tinham-se amado e caído num sono profundo. Pelo menos era o que Matias achava. Agora era só ele, ou o pedaço dele ambulante que ficou, pois quando ela partiu, tomou um trago de água e levou consigo muito mais do que memórias e histórias. Deixou uma divisão totalmente vazia.
Amanhecia devagar, do mesmo modo que Matias se ia matando emocionalmente, preso numa vivência que terminara. Vida macabra que o prendara com tudo o que ansiava, e o apunhalava agora, retirando-lhe o mesmo, num só gesto amargo. Cru.
Sentia a garganta fechada e, alcançando o copo do seu lado, esforçava-se para acreditar que com um gole de água, tudo melhoraria. De lábios entreabertos, os olhos ergueram-se à mínima luz que, envergonhada, entrava pela janela. Como queimava esse delicado raio de sol! Ardia vivamente! Foi aí que o Matias entendeu que, se ele olhasse, depois da chuva, havia um ligeiro brilho alcançável.

Abre-se a porta chorosa. Interrompem-se, por um segundo, os pensamentos com olhares ardentes de raiva, arrependimento e dor. Chocam os dois corpos e revêem-se as almas, como se lhes arrancassem a pele e os unissem debaixo da mesma. Matias sorri-lhe entre um beijo aliviado, “Sem ti, nada meu em mim restava”. 

Carta a quem eu era quando deixei de ser.

Miúda, ela vai partir e tu vais deixar de ser filha. E eu quero-te avisar que ela vai partir esta noite. Não precisas de ir buscar o pijama ...