domingo, 17 de janeiro de 2016

Só faltou noutra vida

Faltou tentar o impossível. Faltou-nos morrer e voltar a nascer com a esperança de nos encontrarmos de novo. Foi isso, faltou-nos tentar numa outra vida.
Recriamo-nos e moldamo-nos até à exaustão, percorremos caminhos em fogo e ultrapassamos limites intransponíveis, todos eles de mão e alma entrelaçadas. Juntos encontramo-nos em lugares, pessoas e emoções. Vimos tudo que havia para ser visto e levamos as nossas gargalhadas desajeitadas bem alto, como naquele dia de em que te via em alvoroço com a tentativa de comeres churrasco de faca e garfo. Estavas linda, no teu jeito pouco corriqueiro, com o cabelo mal amarrado, o pijama mal vestido, e como tudo te ficava tão bem… Faltou garantir que isso não desmoronaria e que seria intemporal.
Mas o amor genuíno não é amar-te e querer que me faças feliz, é amar-te tanto que só te quero feliz, do meu lado enquanto for o sensato. Levaste-me a não querer mais nada e a perder-me em ti, rumando apenas em direção a ti. A ti. Não a nós.
Cego de romantismos batalhei pelo equilíbrio, onde eu pesei mais, e tu na tua luta, tentavas acompanhar numa dança que te era estranha. Era como se pedisse a um freestyler de rua de anos, para me acompanhar num tango, e ele tentasse e morresse a tentar podendo nunca lá chegar. Tentamos dançar jazz e salsa, e os dois cedemos até acabarem os esforços e se impor o ritmo rotineiro de ir até onde o amor morre porque alguém já não morre de amores.

Eu soube que acabou quando já não havia nada para acabar, não por falta de tentativas mas por escassez do que faltava tentar.

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