
Todo o meu corpo latejou ao ver-te partir, mas foi a única
forma que encontrei para te dizer o quanto te amava. Se não te amasse tanto
ter-te-ia pedido para ficares, preso na ilusão de nunca mais os meus olhos
deixarem de ver os teus. Se não te vivesse tanto, pedir-te-ia para me viveres
só a mim, do modo mais egoísta que o amor deve ser. Mas não. Deixei-te ir
quando me apercebi que o amor já não chega e ele deve bastar por si mesmo.
Decidi magoar-te agora, para um dia não me desfazer em
pedaços, e ver em ti alguém em quem apenas paira uma alma que outrora me tinha
embriagado de paixão. Sim, porque bebi cada palavra tua, saboreei cada beijo
teu e perdi-me no calor do teu toque. Mas enquanto os tempos iam passando
sentia-te a ir, a perderes a respiração cada vez menos vezes com o que ambos
criamos um dia. De cada vez que essa pessoa voltava a mim, era como que se
estivesse drogado de ti, viciado em algo que proximamente voltaria a
desaparecer ou apenas levitaria por perto; mas que iria teimar em ir novamente.
Essa pessoa, que quando num sopro voltava, vinha cada vez menos frenética e
intensa mas com o suficiente para me deixar amá-la.
O ato mais romântico que poderia ter cometido, e também o
mais doloroso, foi ter-te perdido, para um dia, não te sentir perdida e com
isso, perder-me na raiva de não te ter deixado ir.
Quando abrires os olhos verás que se te deixei partir foi
por puro amor.
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