domingo, 16 de outubro de 2016

Momentum

Nunca nos separamos, porque eu estava destinada a querer partir sempre, e tu a mostrares-me que afinal, eu queria sempre ficar.
Errei tantas vezes quanto tu. Entrei em áreas cinzentas e tu dançaste lá comigo. Afastei-te tantas vezes por medo, e por te querer tanto, como uma droga, como aquele copo de água numa manhã de ressaca.
E erramos juntos, mas eu acabei sempre aterrada no teu peito com os teus dedos a limparem-me as lágrimas e o teus lábios pousados nos meus. Levantaste-me nos teus braços rodopiaste-me e no meio de gargalhadas. Pousaste-me em frente ao espelho, colado atrás de mim. Ficaste sério, e baixaste-me a camisa num ombro, beijando-o levemente. Envolveste-me numa espécie de abraço e olhaste-me pelo espelho, tão forte que te sentia a leres-me a mente, quase numa sensação realmente física insuportável. Invadiste todas as minhas entranhas e previ o mundo prestes a entrar-me na alma. Prometeste-me todos os rituais futuros: todos os cafés matinais, noites de filmes e manta, fotos no mundo todo, conquistas juntos, todas as danças com os cachorros ou um dia uma dança a três. Quis-te tanto. E só soube pedir-te para ficares e cumprires as tuas promessas. Anuíste.

E foi a maior e mais dolorosa mentira que me podiam ter contado na vida.


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