sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Esquecer lembrando

Ando presa num assunto que me deixa sempre dividida. O “esquecer” e “não esquecer” torna-se num hábito, nos corpos de toda gente. Sinto, por vezes, que esse é o maior motivo pelo qual não evoluímos.
O facto de estarmos presos ao passado impede-nos de projetar um futuro distinto e abundante de sucesso. Seja em carreiras, em relações amorosas ou até em assuntos mais “fúteis” como forma física. Acontece que, o que tanto fez para ser lembrado, é impossível de se esquecer totalmente, e é uma perfeita idiotice acreditar que tal é viável.
Além disso, esquecer não é fingir que não conhece, não é rejeitar chamadas, não é evitar ver as fotos do "antes".
Esquecer é aceitar: é receber as chamadas, falar, e ver fotos e sentir uma sensação de conforto e tranquilidade. Isto, é apenas um exemplo.
Obviamente, não estaremos a entrar em campos mais científicos e teóricos da psicologia em que o esquecimento, nada mais , nada menos, se resume como o ato de esvaziar um conteúdo da nossa memória, que não será mais acessível.
Isso é, de facto, o que todos nós queremos. Infelizmente, e no meu ponto de vista, a psicologia, não consegue descrever as coisas da forma “real”, neste assunto e torna-se demasiado retilínea, quando isto é um assunto totalmente aos ziguezagues.
Torna-se, então, impossível falar de esquecimento quando o assunto ao qual me refiro é uma rotina no dia-a-dia. Não, eu arrisco a falar de esquecimento aliado à aceitação. Não será necessário privar-me do acesso a um conteúdo que tanto me fez feliz, porque agora já não faz mais. É necessário (e isso sim), aceitar que tal se sucedeu, analisar todas as suas consequências e enfrentá-las. Por outro lado, nem sempre a mente nos proporciona uma rápida e fácil aceitação. O tempo ajudará e obviamente o estímulo mental também.
Por isso, quero então referir-me a todos os assuntos que não nos deixam prosseguir, que nos fazem ficar entalados e presos a algo que não voltará mais a fazer parte dos nossos dias. Esses que precisam de ser “esquecidos” para então, poder-se atingir o sucesso.
De forma um pouco contraditória, acho que para esquecermos, precisamos de lembrar. E esse “lembrar”, é inicialmente associado a uma má-disposição  e talvez até a uma dor subjacente. Tendo em conta aquilo que sou e que penso e, obviamente, apoiada nas minhas vivências, esse mal-estar associado desaparecerá, com o “amigo tempo”, maturidade e quando tal acontecer todas essas sensações escuras, passarão a ser ora neutras, ora de tranquilidade.
Por fim, e sem menos importância, tudo aquilo que anteriormente me atormentava e me causava sofrimento, transformou-se numa calma inigualável. Resta saber se sequer isto tem valor lógico e creditação.

Pode não ter, de facto, e até posso concordar, mas não deixa de fazer sentido

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