Procure onde procurar, não há abraço que me preencha como o teu; não há mão no rosto que me acalme como a tua; não há voz que me faça feliz como a tua fez.

A tua roupa começa a perder o teu cheiro, porra. Encontro-me ajoelhada no chão, desalmada e destroçada, a implorar para que aquela peça tua, que ainda não foi lavada, consiga armazenar um pedacinho teu. Então, durmo com um cachecol teu para conseguir sonhar contigo, mas os pesadelos não permitem uma inconsciente (e não forçada) memória colorida. Imploro por um sinal teu que me mostre que está tudo bem, mas o silêncio e apatia mundana não dão espaço a essas crenças... É uma merda isto aqui sem ti, seja dita a verdade nua e crua. É como que se me(te) tivessem arrancado a sangue frio um apêndice que me mantinha funcional. Estável. É uma saudade filha-da-puta, que rói a mais pequena entranha. Dá-me uma tareia sistemática de cada vez que me apercebo que está do meu lado a dizer "Vim p'ra ficar. E sou eterna!"- e eterna é muito tempo. Saudade para sempre é demasiado tempo e insuportável.
Se bem te lembras, desde pequenina, se pudesse ter um super-poder, escolheria sempre o "poder respirar debaixo de água". Ontem, antes de adormecer, refleti que hoje, se pudesse escolher um super-poder para toda a vida, seria "poder viajar no tempo"- nem que não pudesse mudar nada e (talvez) alterar a ordem das coisas, mas poderia viajar todos os dias até ao teu abraço, até ao teu beijo. Ia tagarelar até me faltar a voz, e todos os dias, bastar-me-ia ver-te fixares o olhar no meu ao dizer- SEMPRE- que "está tudo bem, filha!"
Sem comentários:
Enviar um comentário