quinta-feira, 5 de abril de 2018

Fica até

Fica até quereres...
Fica enquanto a outra pessoa, embora possa viver sem ti, prefira viver contigo. Sim, VIVER! Na totalidade do significado. Não é passar noites, não é dividir uma refeição, não é sequer enrolar-se na mesma cama que tu; é VIVER cada momento contigo, projetar um futuro contigo nele, é tomar decisões a médio e longo prazo em que as tuas vontades também cabem.


 Fica num corpo, cuja alma é menor sem a tua existência. Fica junto a quem soma algo à tua vida (que por si já é tão boa) e não que a preenche por completo onde não pode caber mais nada ou ninguém. Onde as tuas moralidades, filosofias e sonhos são respeitados do mesmo modo que são por tua parte, em qualquer assunto, fica. Onde não tens de competir por amor, não precisas de pedir por carinho e compreensão, porque o tens por direito, fica.

Fica com alguém que quando te dá um abraço, te protege do mundo; e que por outro lado o queira visitar inteirinho contigo;que queira fazer parte do teu mundo, que queira que tu faças parte do dele... Fica com alguém que te faça gostar de ti e te faça gostar ainda mais de ti com ele.

Fica enquanto houver amor dos dois, porque o amor morre quando alguém já não morre de amor. Enquanto sentires isso, fica e fica confortável como se nunca dali quisesses sair. Fica nos maus momentos também, por saberes que se resolvem; que ambos são moldáveis e que no fim, são melhor juntos do que separados. E se já forem velhinhos, que fiquem até onde a Vida deixar. E na próxima vida voltam a tentar..

Fica com alguém que é amor. Fica até quereres. Fica até que a vontade de querer seja maior que o conforto de desistir. Fica enquanto fores mais feliz do que eras antes.

(E quando tudo isto for uma dúvida, vai...)

sábado, 31 de março de 2018

Juntamos os trapinhos?


-Se vires que não encontras nada, podemos procurar uma casa juntos!

O coração dela tremeu; a boca secou e as mãos suavam como se estivéssemos no calor do verão, em pleno mês de Março, 4 meses depois de os seus lábios se terem tocado pela primeira vez.

-Tu… Tu estás a dizer-me para irmos viver juntos?

A resposta a isso deixava-a sem qualquer reação. Fosse ela qual fosse. Queria de coração que tudo desse certo, sentia-o desde a primeira vez que o viu. Não quando o olhou, quando o viu. Mas sabia tão bem quanto ele que tinha tudo para dar errado. O êxtase desta vivência era nenhum dos dois ter a sua sanidade mental equilibrada com a atração que ambos sentiam.

-Eu acho que sim. Não sei. Não queres?

Notava-lhe um medo miudinho, como se ele estivesse tão nervoso quanto ela. Claro que ela queria. Queria tanto que tinha medo que desse tudo errado. E tinha tudo para dar… Duas pessoas, com um passado tão diferente, com mais de duas décadas separados; com toda uma vida até lá sem saberem da existência um do outro. Ela sensível, faladora e dona do seu nariz, ele frio, fechado e individual. O que tinham em comum, era já terem ultrapassado todos os limites de velocidade numa relação relâmpago.

-Espera. Tu estás a falar a sério? Estou em choque.

E aí o nervosismo dele passou o dela. “Porra, estou. Tu achas que não devemos?”.
O que ela achava neste momento era que não conseguia sequer ligar o carro. Parada no estacionamento, perdida no vazio da sentença “Eu vou mudar-me com um homem que conheço há uma centena de dias”. Estava louca. Mas o que é o amor sem o seu Q de loucura? Queria-o. Muito. E sabia que era querida por parte dele também. Isso não devia bastar?
Corria uma brisa muito leve, e o sol já estava a pôr-se. Foi a última luz do dia que viu antes de aceitar a viagem da sua vida, de um amor, que com certeza veio de outras vidas.


Carta a quem eu era quando deixei de ser.

Miúda, ela vai partir e tu vais deixar de ser filha. E eu quero-te avisar que ela vai partir esta noite. Não precisas de ir buscar o pijama ...