Hoje cumpro a meta dos 100 dias "livre de carne no meu prato!" Após mais de meio ano noutro país tive contacto com outras mentalidades, informei-me, senti milhares de coisas, muito intensas, que mexeram demasiado comigo. Dada a minha sempre proximidade ao mundo animal senti que deixou de fazer sentido, p'ra mim, continuar a alimentar-me do mesmo modo.
Tudo o que tentei foi não me rotular para que quando e se vacilasse (porque 23 anos como carnivora- e não omnívora porque comia carne com tudo- pesa muito) não ouvisse julgamentos alheios. Cortei radicalmente na carne, depois o peixe e aos poucos vou reduzindo nos lacticínios e ovos. A primeira dificuldade é comer com a família. Felizmente, vejo os meus parentes a aceitar devagarinho tudo isto, o que me deixa eternamente grata.
O meu estilo de refeição é feito mediante aquilo que me faz sentir bem comigo e me deixa deitar à noite, de consciência limpa. Entrei nesta corrida para poder fazer o que consigo para evitar sofrimento àqueles que chegaram primeiro que eu, no sentido de proporcionar um mundo sustentável aos próximos. No entanto, não me é natural, é uma evolução lenta mas que me deixa extremamente positiva por saber que estou a ser capaz, e a meu tempo, reduzir o meu impacto neste mundo que não é apenas meu.
Além de, constantemente, ouvir "não tens pena das plantinhas?", o meu preferido é "e as crianças que passam fome em África também não te preocupa?" Porque por evitar comer animais agora eu tenho de salvar o mundo inteiro... Porque não começam todos a fazer uma parte? É que, curiosamente, tudo isto geralmente surge de gente que desperdiça comida e nem a palavra "voluntariado" conhece...
Faço tudo o que consigo para ajudar o que/quem me rodeia; passa por mais do que esta opção que vos conto, mas isso são outros mil... Obviamente não sou a pessoa mais prestável do mundo, não sou a salvadora da pátria e nem é lógico que me cobrem isso só porque decidi deixar de comer carne!!
Alterei o necessário p'ra me aceitar, e ficar em paz com o "meu Eu" e honestamente, faço-o de coração. Se na minha óptica, a vida animal mexe comigo, a emoção é minha e o direito é meu.
Não sou extremista e penso que não influencio ninguém à minha volta a fazê-lo, porque foi uma necessidade minha e apesar de me custar a aceitar que achem que a alimentação deles é melhor que a minha, respeito. Portanto, agradecia que quando me convidam p'ra jantar não me levem a uma churrascaria... A não ser que me sirvam um belo dum seitan grelhado ;)
