sexta-feira, 27 de novembro de 2015

#187 Nem que em outra vida a gente se encontre

Há histórias que precisam de mais de uma vida p'ra terminar, e quando me refiro a esse ponto final é a dar certo. Há vidas que não cabem nas nossas e há vivências que não podem "checar" intemporalmente às dos outros. Existe um tempo e um espaço para o equilíbrio se dar, e ingrata a experiência de quando falhamos num desses termos: ou o espaço ou o tempo não são os apropriados.

Sou apologista de saborear cada trago como se fosse a última gota e isso tem consequências futuras, mas próximas demais. Más! Minto. Exaustivamente degradantes- até ao ponto de ser desumano.

Somos feitos de matéria mundana e somos tão mais que isso: concebemos ligações com o próximo (seja de qualquer tipo ou género) que te fazem entrar numa apoteose sinistra. Eu, individualmente, jogo num sistema de entropia radical: habituo-me facilmente à desordem, que acaba por me acalmar e definir. Sou extremista e pouco ligeira, tanto que qualquer que seja a consequência, eu não morro sem tentar.
Ultimamente, sinto esse sabor amargo e, sim, "tem tudo p'ra dar merda". Mas agora, é o sabor do mundo, são pessoas, energias e emoções que fazem com que encontre em mim, todos os dias, alguém um pouquinho melhor.
Seria hipócrita se não reconhecesse a bomba relógio na qual medito há quase meio ano, e tenho consciência de que o final se aproxima: que da última vez que os olhares se cruzarem, que o abraço se der e que as palavras saírem, irão partir-me em pedaços; a última vez que a água salgada banhar a minha pele irá fazer-se sentir como uma faca e a brisa que outrora me beijou, irá secar os meus olhos. Nunca isso será motivo p'ra deixar de sentir as coisas tão fortes quanto as sinto agora, de me entregar a cada um e a cada local novo de forma tão intensa e só desse modo a adrenalina me faz sentir viva!!! Agora. Se fosse de outro jeito não era tão real. É por ser tão fugaz que vale o que vale. Agora, em que cruelmente, tudo é momentâneo e "passageiro", agora é assim, e não há solução.

Não estava pronta (mas quem estaria?) p'ra abrir tanto os braços e sentir tudo a fugir-me. Mas eu prometo que "mais tarde a gente se encontra". Nem que seja numa outra vida.
"A gente sabe que deu certo quando já não temos por onde fugir e a única solução é deixar ir!"

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