terça-feira, 22 de setembro de 2015

#122 "Young, wild and free"- eu preciso do mundo

Sabes quando te sentas no cais da Lagoa e tens o mundo todo à tua espera? Ali. Prontinho para te receber na tua pura essência, na loucura duma experiência que pode ser agora ou a tua vida toda...
Somos feitos à imagem de "nascer-estudar-formar-casar-filhos-morrer" e tudo que foge a isso é um "humanóide" com a matemática meia pirada. Se por um lado não me cai bem o parasita da sociedade que "nem fode nem sai de cima" (e só gasta espaço e $$ públicos, se me permitem), também não me contento com ambições medianas e sentimentos que não saibam a tudo. Felizmente fui criada num seio onde me incutiram que as barreiras são os homens que as criam e os mesmos que as desfazem, e por isso, eu quero poder reinventar-me em cada lugar novo, reescrever o "meu-eu", fazer da Terra a minha casa...
Quero pisar a areia de todas as praias, ver o céu de todas as perspetivas; ficar noites sem dormir para poder trabalhar e usufruir do sabor do mundo; nadar em todos os mares; ver luzes de festas e sentir o som alto no peito; gritar "ao eco" na luz do por do sol atrás do morro; ouvir as gargalhadas em todos os idiomas; andar descalça na calçada de livro em punho a reler relatórios; viver com muita pressa todas as culturas e fazer-me de mundo... Encontrar-me em pessoas, lugares e emoções. Comigo.
Não vou ser hipócrita e dizer que quero ficar sozinha o resto da vida, mas só estou disposta a partilha-la com uma "alma-gémea", com alguém que me leia a dançar ao vento no meio de trilhos e sabores exóticos e que por outro lado, quando trabalho, me trave o vício do dedo roído na boca... Que seja esse "bipolar-medido" igual a mim; que aguente dormir tão pouco quanto eu, por querer fazer sempre tanta coisa... Que me acorde para ir para o laboratório atolada de café, e que me acorde também de prancha em punho; que não me trave e não me impeça de ir quando tiver de ir; acima de tudo: que não me amarre as asas...
A Vida é efémera para ser desperdiçada em tempos lentos, por isso eu quero o meu relógio muito rápido, seja de mão dada com alguém, ou de abraço dado com o mundo. E de coração, sinceramente, essa é a minha última preocupação... Porque como já dizia o outro "quem aprende a surfar, não se contenta mais em ficar na areia".

Essa é a vida à minha maneira, e sei que pode ficar muito ao lado do que esperam de mim, mas foda-se aos desejos alheios. As cicatrizes são marcas das decisões de quem as toma...

Carta a quem eu era quando deixei de ser.

Miúda, ela vai partir e tu vais deixar de ser filha. E eu quero-te avisar que ela vai partir esta noite. Não precisas de ir buscar o pijama ...